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Deus é machista. Fato ou mito?

O conhecimento de quem é Deus é uma necessidade do Cristão que entende que foi criado à imagem e semelhança do Pai. E nessa busca por identidade, começamos a ouvir um discurso social que define Deus como um ser machista.

É na Bíblia que Deus revela seu caráter, e ela se tornou o alvo de interpretações rasas e tendenciosas que acabam nos distanciando do verdadeiro caráter Divino.

Existem, ao longo da narrativa bíblica, alguns textos que dão margem para a interpretação de machismo Bíblico, e nas linhas a seguir apresentarei um dos versículos que originam esse discurso equivocado sobre o Criador.

Eva, nossa primeira representante, buscou uns minutos de independência de Adão, dialogou com o inimigo mortal da liberdade e a partir disso houve uma reviravolta na história da humanidade, que poderia ser um belo conto de fadas.

  Dadas circunstâncias da entrada do pecado na terra, Deus vai ao encontro do casal para uma conversa franca. Conversa delicada e importante.

  O relato de Gênesis 3 aparentemente sentencia a mulher para uma vida subjugada ao homem, um prato cheio para o discurso feminista. Então, analisemos parte por parte desse relato:

A conversa de Deus com seus filhos é tão profunda que começa com a indagação “onde estás”? Pergunta de resposta óbvia já que estamos falando de um Deus onipresente, onisciente e onipotente. Porém a grande questão aqui é o homem olhar para dentro de si e reconhecer sua nova condição, perceber seu real estado de pecaminosidade.  E a partir do verso 16, aparece a descrição das consequências do pecado na vida de Eva sendo extensivo à todas nós hoje:

  • Dores de parto;
  • Seu desejo será para o marido;
  • O marido te governará.

  Duras consequências, não é mesmo? Compreenda melhor esses conceitos:

Dores de Parto

A dor de parto é o símbolo da dor física e mental mais severa. Sabe que nós até podemos pensar que não merecemos tal “castigo”, mas prefiro acreditar que a dor no momento de trazer a vida nos remete ao céu e nos renova a esperança, afinal temos uma tendência tão grande de desfocar do alvo maior, a nova terra, que um mundo sem dor, poderia facilmente trazer acomodação, nos deixar moldados a esse pedaço de chão que nada tem a nos oferecer. Vejo então, na dor uma declaração do amor de Deus, um resgate a todas nós e não um castigo.  Acrescento ainda que dor maior sentiu nosso Pai Celeste ao ter que lidar com nossas escolhas.

 Ainda podemos acrescentar que nem todas as mulheres sofrem com a dor de parto. Logo, constatamos não se tratar de uma condenação e sim de uma estratégia de resgate da mulher que tanto se deixou levar pela serpente.

Seu desejo será para o seu marido

Outra consequência citada no texto é “Seu desejo será para o seu marido”.

Relatos de um olhar feminista ao texto nos diz que a fala de Deus deixa claro a desigualdade em que homem e mulher foram submetidos pós pecado. Pois, Segundo as teólogas feministas, Riane Eisler e Françoise Gange “Interpreta-se a mulher como sexo fraco, pois foi ela que caiu na tentação e, a partir daí, seduziu o homem. Eis a razão de seu submetimento histórico, agora ideologicamente justificado: “estarás sob o poder de teu marido e ele te dominará”[1]

  Conforme declarado nessa afirmação, o relato do pecado original seria introduzido no interesse do patriarcado como uma peça de culpabilização das mulheres para arrebatar-lhes o poder e consolidar o domínio do homem. Contrapondo essa argumentação, quero lembrar a cara leitora de que a proposta de análise para tais textos deve partir do atentar-se a língua original em que a palavra fora proferida, bem como seus contextos de estrutura linguística e histórico social.

 A afirmação “seu desejo será para seu marido”, se encontra na mesma frase sobre dores de parto, numa relação clara de causa e consequência. Ou seja, com sofrimento e dor tu darás à luz e mesmo assim ainda terás desejo pelo teu marido.

 Você com certeza já observou mulheres no ápice da dor ao dar à luz ao filho que tanto desejou, e muitas externarem sua repulsa, e até arrependimento pelo ato sexual que num primeiro olhar é causador desse sofrimento, pergunte para essa mesma mulher se após tanta dor, ela continuou desejando seu homem, querendo manter relações com ele. A resposta é sim. E aí se revela a graça de Deus em preservar a relação mais íntima entre homem e mulher apesar da dor e sofrimento. Isso não é fantástico?

O marido te governará/ dominará

  É fato que homens e mulheres iguais. Mas pense um pouquinho nos processos de relacionamento antes e pós pecado. Dois iguais num mundo sem pecado, é sinônimo de harmonia, sincronismo, parceria e paz. E dois iguais num mundo de pecado? Imagina!! Homem e mulher iguais pós pecado é símbolo de desarmonia, guerra e disputa por comando. Por essa razão, foi necessário colocá-los em posições diferentes, respeitando que a atitude de rebeldia partiu da mulher, agora se dá um voto de confiança para o homem, que assume o controle.

  Investigando mais um tanto, é de suma importância que se compreenda a palavra “dominará”, do hebraico exousiazo, que significa controlar, ou ter autoridade sobre. Ou seja, após o pecado como conserto a todo desequilíbrio que o mal causou nessa terra, ao homem foi dado a papel de autoridade do lar. Essa autoridade não tem a ver com domínio ou governo querendo fortalecer a ideia de que o homem manda e mulher obedece, mas de que ele virou a autoridade espiritual, o responsável por manter a conexão entre a família e Deus. O que é muito mais peso e responsabilidade, do que privilégio.

  Há Teólogos ainda que defendem que a frase proferida “teu marido te governará”, não foi um decreto, não se trata de uma condenação, mas uma constatação, a declaração de um Deus que conhece o futuro e já sabia que esse fato realmente ocorreria.

  Um outro olhar sobre essa pauta é observar as tradições de cultura, linguagem, tradução e plano divino. Ao analisar os textos em sua língua original percebe-se claramente que Deus não é machista, ou não teve nesse momento pós pecado intensões machistas, mas também é perceptível que os registros em nossa língua têm uma conotação machista. Por quê? Porque embora seguimos um Deus que sonhou com a igualdade, àqueles que transcreveram as palavras divinas e a traduziram para nosso idioma tem arraigado em si, suas culturas, pensamentos, formações filosóficas e ideológicas. E por mais que um tradutor ou escritor diga que não está incutindo sua visão pessoal ao texto, a grande verdade é que nossas crenças mais íntimas exalam de nós de forma inerente.

  Então, podemos afirmar que na Bíblia encontramos algumas expressões traduzidas, que parecem colocar a mulher num patamar de desvantagem, porém, o conhecimento nos liberta. O estudo mais profundo, somado a oração, renova nossos conceitos e traz uma percepção mais adequada.

E conhecerás a verdade e a verdade te libertará.

Não, Deus não é machista. 

Sim o machismo existe.

Machismo é resultado do pecado. A solução para pecado não se chama feminismo,  chama-se Jesus Cristo. Nosso libertador aniquilará com todo pecado, e homens e mulheres desfrutarão novamente da harmonia que Deus sonhou para seus filhos.

Te convido a aprofundar-se mais no conhecimento da Palavra de Deus, a descobrir o Deus que está disposto a te amar e restaurar sua identidade feminina nEle.


[1] Disponível em https://cebi.org.br/noticias/genero/interpretacao-feminista-do-relato-da-criacao-leonardo-boff/ acesso em 3 de julho de 2019, às 18h30.

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